Viaje sem gastar com a hospedagem

Conheça programas e comunidades virtuais que ajudam você a se hospedar em qualquer lugar do mundo pagando pouco

Quem é que já não abriu mão de uma viagem por falta de dinheiro? Passagens, hospedagem, alimentação, passeios, lembrancinhas... São tantos os detalhes, que pode parecer impossível viajar gastando pouco. Mas, a cada dia surgem novos sites e programas que ajudam quem quer conhecer o mundo sem ter surpresas na fatura do cartão de crédito.


Casas, apês ou um quarto confortável são opções de sites como o Wimdu e Airbnb

Além dos já conhecidos programas de milhagem, que garantem passagens aéreas e outros serviços de graça, há muitas opções econômicas no quesito hospedagem, que chega a representar até metade de todos os gastos de uma viagem. De albergues e aluguéis de apartamentos a preços bem camaradas, a espaços livres no sofá de alguém que curte conhecer gente nova e trocar experiências.
Foi nesse esquema de “hospedagem de graça”, por exemplo, que o arquiteto José Bueno percorreu, em 2010, a Holanda e a Alemanha de bicicleta, durante 10 dias, para comemorar seus 50 anos de vida.

Com o orçamento reduzido, ele recorreu ao Couchsurfing para descolar uma cama ou sofá quentinho para os pernoites em uma Europa chuvosa. Mas, apesar da comunidade virtual ter mais de 45 mil participantes no mundo inteiro, não é exatamente fácil encontrar um anfitrião disposto a te receber.

Os couchsurfers, como são chamados os integrantes da comunidade, são exigentes, avaliam o perfil de quem está pedindo hospedagem e detestam perceber que a pessoa só está a fim de pernoite gratuito. Mais do que economizar, quem entra na onda do Couchsurfing tem que estar aberto para um intercâmbio cultural, que significa também abrir as portas da sua casa para hospedar outras pessoas do grupo e, quem sabe, participar dos diversos encontros que acontecem em bares, baladas e parques ao redor do globo.
Couchsurfers promovem encontros semanais para interagirem, como esse piquenique no Parque do Ibirapuera, em São Paulo
E para quem, assim como José Bueno, gosta de viajar de bicicleta, há uma opção a mais. O Warmshowers é uma comunidade nos mesmos moldes do Couchsurfing, mas, exclusiva aos viajantes a bordo de uma magrela. O site conta com 18 mil pessoas cadastradas, todas com o gosto comum pelas pedaladas.

Foi graças ao Warmshowers que o francês Daniel Perou conseguiu dar a volta ao mundo de bicicleta. Por quase quatro anos o empresário percorreu o planeta com sua bike, conheceu muita gente e economizou alguns milhares de euros se hospedando gratuitamente na casa dos participantes da plataforma virtual. “Meu primeiro ano de viagem foi pela África, onde a hospedagem é muito barata. Por isso eu sempre ficava em hotéis. Mas, após um ano na estrada, fui checar o orçamento e vi como de cinco em cinco euros gastei muito dinheiro com hotéis e albergues”, relembra Daniel, que depois do susto nunca mais gastou um centavo com hospedagem. Nos três anos seguintes ele sempre recorreu à sua barraca ou às casas dos “warmshowers”.
O francês Daniel Perou deu a volta ao mundo se hospedando pelo Warmshowers

Contato com a natureza

Para quem curte a vida no campo e faz questão de, mais do que conhecer novas culturas e pessoas, estar em contato com a natureza, uma boa pedida é o Wooff, sigla em inglês para Oportunidades Mundiais em Fazendas Orgânicas (World Wide Opportunities on Organic Farms). Neste programa, o viajante se oferece como voluntário em alguma propriedade rural que trabalha com agricultura orgânica pelo mundo. Em troca, ganha hospedagem, alimentação e a experiência de estar em uma relação constante com a terra e com os animais.

Foi assim que o estudante de Ciências Sociais, Cauê Ameni, conseguiu conhecer a Alemanha, a Espanha e a França. Além de se aprofundar em novas culturas, Cauê também queria aprender outras línguas e viu que conviver por vários meses com moradores locais e também outros viajantes é uma excelente escola de idiomas a céu aberto.

“É um verdadeiro método de imersão na cultura local. Eu não tinha relação alguma com línguas mais universais como o inglês e por isso três meses eram suficientes para aprender bem o idioma”, conta Cauê, que antes de trabalhar pelo Wooff em vinícolas e pequenas fazendas de queijo, plantas medicinais e apicultura, também atuou no Camphill, um sistema similar ao Wooff, mas localizado em pequenos vilarejos habitados por portadores de deficiências físicas e mentais na Alemanha e Inglaterra. Outra diferença é que no Camphill o visitante recebe um pagamento para o trabalho nas casas e nas oficinas de artesanato.


Lar doce lar




No Airbnb o visitante pode alugar uma residência por até 10 meses
Não é todo mundo que gosta de viajar no esquema cama ou sofá de graça. Ou ainda colocar a mão na terra e na inchada de uma fazenda para economizar. Por isso, cresce a cada dia na internet os sites de aluguel de casas, apartamentos ou dormitórios de moradores locais. É o caso do Wimdu e do Airbnb. Neles, o viajante pode alugar um quarto na casa de um nativo ou optar pela residência inteira. São opções que vão desde um quarto compartilhado com outras pessoas até um castelo em um cenário paradisíaco da Europa.

A proposta vai além de oferecer hospedagens baratas, mas também possibilitar novas experiências e conectar turistas e anfitriões. O legal é que o interessado em alugar uma propriedade, ou um cantinho dela, pode entrar em contato direto com o anfitrião antes de fechar o negócio para ter certeza se o imóvel atende exatamente o que ele quer.

No Airbnb o visitante pode ainda alugar uma residência por um período de até 10 meses. A opção é boa para quem vai fazer intercâmbio ou estudar fora por um tempo determinado e não quer passar pelas burocracias do aluguel de um imóvel.

Saiba mais sobre algumas opções econômicas – e curiosas – de hospedagem pelo mundo:



Rachar um apartamento ou até alugar um castelo inteiro, como esse na Escócia, são opções no Wimdu
O site, lançado em março de 2011, lista acomodações privadas disponíveis para os turistas em todo o planeta. É possível alugar pela internet desde um quarto privativo ou compartilhado até uma residência inteira. Por ser novo, o site tem poucas opções em destinos não tão famosos, como o Norte do Brasil e países da África e Ásia.

- Airbnb

É o veterano dos sites de aluguel de casas, apartamentos e quartos pelo mundo. No ar desde 2008, o Airbnb revolucionou o conceito de hospedagem pelo planeta. A novidade mais recente é a possibilidade de fazer reservas de até 10 meses de duração. Antes, o limite era de 28 dias.
 
Camphill


No vilarejo alemão de Lehenhof é possível ter hospedagem, alimentação e até um salário pelo Camphill

Localizado em vilarejos da Alemanha e da Inglaterra o programa é pouco conhecido. Nele, os viajantes se oferecerem para trabalhar ajudando portadores de necessidades especiais em uma espécie de vila no meio da natureza. Além de hospedagem e alimentação, há também um salário para os serviços prestados, que não são simples. O visitante exerce atividades domésticas como limpar a casa, cozinhar e dirigir. Os colégios Waldorf acompanham esse sistema de perto e sempre enviam estudantes para participar. Quem tem interesse em conhecer melhor o Camphill pode conseguir mais informações nessas escolas.
   
- Couchsurfing

É preciso se cadastrar para fazer parte da comunidade. Ter avaliações de outros participantes é importante para ser aceito facilmente na hora de solicitar a hospedagem na casa de alguém. Por isso, participar dos encontros semanais que acontecem em várias cidades do mundo é importante. Após a estada, anfitrião e visitante também se avaliam, para ajudar nas escolhas dos próximos participantes.

- Warmshowers


No Warmshowers, hospedagem para viajantes de bicicleta
Semelhante ao Couchsurfing, o site é exclusivo para quem viaja de bicicleta. As avaliações são importantes para garantir a aceitação dos participantes. Por ser limitado aos cicloturistas, em alguns países e regiões do Brasil não há nenhum participante cadastrado, o que dificulta na hora de solicitar hospedagem em certos lugares.cadastrados em todo o mundo.

- Wwoof

No Wwoof famílias de produtores rurais hospedam em troca de ajuda no campo
Cada país tem a seu site local. É preciso pagar uma taxa, que custa em média 20 euros, para se cadastrar no Wooff do país escolhido. Os agricultores/anfitriões costumam responder aos e-mails bem rápido. Em alguns países é preciso tomar alguns cuidados com a imigração. Na França, por exemplo, se não houver um contrato entre o estrangeiro e o agricultor, a atividade pode ser entendida como trabalho ilegal. Vale a pena se informar antes de fechar a estada com o anfitrião.